Total de visualizações de página

23 junho 2017

Desgosto existencial - Jaime Facioli

 

DESGOSTO EXISTENCIAL


As adversidades fazem parte de qualquer projeto, mesmo assim devem ser sempre levados adiante, pois são caminhos para a perfeição.

As criaturas de Deus, sensíveis aos bons propósitos, via de regra também se permitem momentos de desalinho, desatendendo aos princípios legados pelo Divino Rabi, como regra pétrea para o bem viver e o atendimento as Leis do Senhor da Vida. É nesse sentido que, vez por outra, se deixam abater pelas adversidades da existência, sem se darem conta, os combatentes dos tatames existenciais, que as adversidades constituem meio e caminho para a perfectibilidade, carimbando o passaporte dos viajores para os esplendores celestes.

Ê de se considerar na dialética em apreço que os filhos da Providência Divina foram criados apenas com uma única fatalidade. Mais cedo ou mais tarde, atingir-se-á o cume dos paramos celestiais. A bem dizer, a ninguém será lícito fazer-se de rogado e proclamar aos quatro cantos do mundo que desconhece ou não a existência do desgosto na trajetória do caminheiro em busca da felicidade.

Todo projeto elaborado, ainda que com cuidado extremado, como por exemplo o planejamento da reencarnação, não obstante as boas e pulcras intenções, pode não acontecer segundo as previsões aneladas. Múltiplas ocorrências podem acontecer obrigando o viajor traçar novos rumos diante do imprevisível e assim desenvolver a sua inteligência para as contingências da vida, tendo como norte o bem proceder e as leis divinas. Por isso asseverar que os desgostos que sobrevêm ao projeto elaborado com tanto carinho e desvelo, atendem às condições evolutivas de cada criatura. Nesse caso, não se olvide a vã filosofia, que as criaturas de Deus são propensas a fixar o coração nos fenômenos do imediato, sem o exame perfunctório das liriais lições do Homem de Nazaré ao falar para o futuro e por condições em sua lei, como o fardo leve e suave o seu jugo.

Com esses sentimentos, o homem age mal e desmemoriado quanto ao bem que lhe compete exercer, tal como aqueles que optam por residir dentro de uma bolha obnubilada, mesmo tendo o sol à sua frente. Nessa escolha, está a génese do mal-estar que lhe obscurece a harmonia interior, abrindo espaço à aflição que gera ondas negativas e mobiliza energias deletérias responsáveis pelas moléstias da depressão, da síndrome do pânico e suas afilhadas.

Sob essa dicção, tenha-se em mente que esse proceder apaga da lembrança os incontáveis momentos de felicidade e prazer que antecederam o aparecimento do desgosto, sem se perceber que o incômodo diminuto é aviso da natureza para que se retorne à paz interior confiante n'Aquele que criou a vida, bela, colorida e consentida. Por isso, ainda que exista desajuste no lar, no trabalho, nos projetos existências interrompendo a alegria, não é lícito aos candidatos à felicidade se permitirem a instalação da revolta nos corações, desajustando-os e permitindo insoldáveis perigos de malquerença no ambiente por onde moureja. Em verdade, quem assim procede, se esquece nesses momentos de descompasso os tesouros de estabilidade e euforia com que somos favorecidos em miríades de bênçãos que chegam todos os dias em nossas vidas. Tratam-se de presentes do Pai Celestial aos seus filhos diletos, em forma de advertência, em orientação segura pela inspiração dos arautos do bem e dos perigos evitados, que nem mesmo se chega a perceber o quanto se esteve perto da desventura.

A toda evidência esse é o momento de se expressar a bendita oportunidade de consolidarmos o amor e a tranquilidade no jornadear por onde transitamos, levando a luz que Jesus recomendou que deixássemos brilhar em nossas vidas. O não julgar deve se fazer presente também quando alguém, por razões ignotas, deixa a convivência onde está e se permite levar pelos seus anelos mais íntimos.

Certamente essa não será ocasião para se conjecturar teorias acerca da ingratidão, e, em verdade, não se permite esquecer as afeições que nos enriquecem os dias.

Anote-se por necessário que os desgostos são dores que todas as pessoas sentem ao lutar o bom combate, no dizer de Paulo, o apóstolo. Todavia, cada um recebe a taça da vida para completar com o brilho de seus olhos, examinando essa ocorrência pelo que elas podem representar, felicidade ou infelicidade.

Diante da nossa pequenez não se alforria a ninguém, absolutamente, a ninguém concluir que aquele que se afasta, convidado pelos atrativos com que seu Espírito mais se afina, em verdade, procura a experiência mais adequada aos próprios impulsos para a realização de suas provas. Da mesma sorte, não raras vezes, insignificantes desentendimentos repontam na esfera profissional ou nos ambientes por onde transitamos e exageramos na ocorrência, lançando perturbação ou incrementando a discórdia e a desordem nos sentimentos do próximo.

Indispensável, em casos dessa natureza, ver os dotes que recolhemos do nosso campo de trabalho, nas experiências da vida, reconhecendo que o destempero é ensejo de proteger e prestigiar o ambiente de trabalho ou a organização a que fomos chamados, conscientes de que ali também estamos militando em nosso favor e para o crescimento espiritual do ser em busca do seu reto proceder. Nesse sentir, o desgosto está para o coração como a poda para a árvore. Se dissabores nos visitam, recordemos que a vida está cortando o prejudicial e o supérfluo, em nossas plantas de ideal e realização, a fim de que possamos nos renovar e melhor produzir.

Em tese, tudo tem a aparência de sofrimento, mas nada, absolutamente nada do que acontece é sem justa causa. Por essa razão, existem pessoas que, quando experimentam o desgosto ficam "furiosas" e agridem os que vivem ao seu redor, como a se "vingar" do desgosto de que padece, aparentemente sem motivo. Anote-se por necessário que os desgostos são dores que todas as pessoas sentem ao lutar o bom combate, no dizer de Paulo, o apóstolo. Todavia, cada um recebe a taça da vida para completar com o brilho de seus olhos, examinando essa ocorrência pelo que elas podem representar, felicidade ou infelicidade.

Esse olhar sereno sobre o desgosto está sob a égide do manto sagrado do momento de crescimento espiritual de cada criatura de Deus, razão porque alguns se engrandecem quando o "desgosto" bate à sua porta, e outros se apequenam e se infelicitam, mas todos, todos sem distinção, verão brilhar a sua luz no tempo oportuno, conforme lecionou o Homem de Nazaré.


O autor é advogado e vice presidente da USE de Americana e Nova Odessa, e também Vice Presidente do Centro Espírita Paz e Amor na cidade de Americana-SP.Jaime Facioli jaime.facioli@advocaciafacioli.com.br


Nenhum comentário: