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05 junho 2017

As aparições de Nossa Senhora na Visão Espírita - Morel Felipe Wilkon,



AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA NA VISÃO ESPÍRITA


Você certamente já ouviu falar nas aparições de Nossa Senhora – ou Maria, a mãe de Jesus. Aqui vai a minha opinião a respeito do assunto. Assista o vídeo ou, se preferir, leia o artigo logo abaixo.

Uma das dificuldades que um espírita tem quando estuda a Bíblia (na verdade o Novo Testamento) é explicar o que é o espírito santo. Nos meus estudos sobre o Evangelho de Lucas e o Evangelho de João, no Youtube, eu demonstrei que na maior parte das vezes a melhor tradução é um espírito santo, e não o espírito santo. Não vou discutir isso agora.

Nós não sabemos exatamente qual era a visão que os evangelistas tinham do espírito santo, o que eles queriam dizer com espírito santo. Muitas vezes parece se referir a um espírito, como nós entendemos hoje, mas nem sempre.

A verdade é que eles não tinham o conhecimento que nós temos hoje. Os seus conceitos não eram bem estabelecidos, não eram bem definidos.

A Igreja resolveu esse problema inventando a santíssima trindade: pai, filho e espírito santo.

Mas o que passa despercebido por quase todo mundo é que até nisso o machismo imperou. O machismo vigente tanto entre os israelitas no tempo de Jesus quanto entre os primeiros cristãos – e mantido até hoje – não deixou espaço para a mulher.

Tem o pai, tem o filho, e tem o espírito santo. Mas cadê a mãe? Não tem mãe na divindade. A divindade é masculina, a ideia de Deus que nos foi passada é masculina. Até hoje, quase todos nós, que tivemos uma orientação religiosa tradicional na primeira infância, inconscientemente formamos uma ideia antropomórfica de Deus, imaginamos um velho barbudo com cara de brabo.

Os israelitas viviam um regime patriarcal onde a mulher não tinha vez. Jesus tentou mudar isso. Jesus tratou a mulher como igual, mas os seus discípulos não souberam manter isso. Logo depois da morte de Jesus já houve disputa entre os discípulos homens e Maria Madalena, que era muito próxima de Jesus. A prova de que Maria Madalena era especial para Jesus é que mesmo nos quatro Evangelhos aceitos tradicionalmente a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado é Maria Madalena.

Mas os homens na época não podiam aceitar isso. O apóstolo Paulo chega a proibir a mulher de falar na Igreja, porque era uma vergonha uma mulher falar em público – se ela quisesse perguntar alguma coisa devia ficar quieta na Igreja e esperar chegar em casa para perguntar para o seu marido.

Mais tarde, quando a Igreja foi adotada por Roma, muitas antigas religiões pagãs foram absorvidas pelo Cristianismo. Os povos pagãos foram sendo cristianizados, só que eles tinham vários deuses e deusas, havia a crença na deusa mãe, na mãe divina. O jeito de resolver essa questão foi dar um papel de destaque para a mãe de Jesus.

Então criaram uma figura feminina próxima de Deus – já que Jesus para eles também é Deus. Mas nós não vemos esse protagonismo de Maria nos Evangelhos. Dizem que Maria intercede por nós junto ao seu filho Jesus. Mas não há nada disso no Evangelho. Maria aparece pouco no Evangelho e não é muito lisonjeada por Jesus.

Nada contra a devoção a Maria – a figura de Maria se tornou um importante arquétipo, essa figura resume em si importantes qualidades femininas, maternais. Quando uma pessoa ora fervorosamente a Maria essa pessoa está sintonizando com essas qualidades maternais, protetoras, que ela atribui a Maria.

A oração é, antes de mais nada, uma concentração do pensamento.

Como orar e ser atendido.

Se concentramos o nosso pensamento em Jesus, nós vamos sintonizar com as forças que nós atribuímos a Jesus – por que cada um de nós vê Jesus de forma ligeiramente diferente. Quanto mais alto for o nosso pensamento, quanto mais elevado, quanto mais grandiosas forem as qualidades que nós atribuímos a um ser (a Maria, por exemplo) mais nós nos elevamos – e nós colhemos das forças com que nós sintonizamos.

Existem muitos casos de aparições de Maria. Em várias partes do mundo. Em várias épocas. Existem livros e escritos sobre isso, estudos foram feitos sobre isso.

Um dos casos mais famosos da atualidade, aqui no Brasil, é o do advogado carioca Pedro Siqueira, uma pessoa que transpira credibilidade. Ele afirma ver e se comunicar com Maria desde que nasceu. Se analisamos os relatos dele, encontramos todas as evidências de um fenômeno mediúnico. Particularmente não tenho a menor dúvida em relação a isso.

É a própria Maria mãe de Jesus que se comunica com ele? Particularmente, eu tenho convicção que não.

Por que? Por que ele não é o único a afirmar que se comunica com Maria. Tem outros no Brasil, e se pesquisarmos, deve haver centenas de pessoas no mundo, atualmente, que afirmam a mesma coisa. Maria é um espírito assim como nós, é uma individualidade.

Um espírito não pode se apresentar em mais de um lugar ao mesmo tempo – e por mais dinâmico que seja um espírito, ele não terá condições de se apresentar pessoalmente a tantas pessoas pelo mundo todo praticamente a toda hora – somando todos os relatos, ela apareceria praticamente a toda hora.

Uma coisa que eu não entendia na adolescência é como uma determinada entidade – se vê muito isso na Umbanda – como um preto velho que se apresenta como Pai José, por exemplo, pode se apresentar em vários centros de Umbanda ao mesmo tempo. Eu pensava que podia ter alguma fraude ali.

Mais tarde eu fui entender que os pretos velhos – só pra ficarmos nesse exemplo – são ordens de trabalho. Existem algumas centenas ou milhares de espíritos que atendem pelo nome de preto velho Pai José. São espíritos humildes, uns bastante sábios, outros apenas bem intencionados, se esforçando para ajudar – espíritos que trabalham em nome de uma causa, abnegadamente, anonimamente, não se apresentam com o nome que usaram em alguma existência física.

Acontece algo semelhante no caso de Maria. Possivelmente o próprio espírito que foi Maria comande uma força de trabalho com o objetivo de ajudar os espíritos encarnados e os desencarnados no seu processo de espiritualização. Mas isso não quer dizer que seja ela mesma a se comunicar.

Temos que compreender que as nossas crenças são limitadoras. No próprio meio espírita nós temos uma série de crenças limitadoras.

E no caso de quem é católico, que não conhece o Espiritismo, não conhece ou não acredita em mediunidade – se um espírito se apresenta para ele, ele vai achar ou que está louco ou que é o demônio. Por que ele não acredita na comunicação com os espíritos.

Quem pode se comunicar são os santos, a virgem Maria e os demônios. O que eles não percebem é que mesmo isso são fenômenos mediúnicos.

Se um espírita tem uma tarefa a realizar o seu mentor ou o seu guia se comunica com ele . No caso de um católico esse espírito vai ter que assumir uma personalidade conhecida, vai ter que congregar uma ordem de trabalho e se apresentar, como é o caso que estamos tratando, como a virgem Maria.

É comum casos de pessoas que têm uma experiência mística, ou uma experiência de desdobramento, ou quando se aproxima o momento do desencarne, e que dizem ter visto Jesus ou a virgem Maria. Elas estão vendo um espírito amigo, talvez o mentor do seu grupo familiar – mas o próprio mentor se apresenta daquela forma para ser aceito, para tranquilizar a pessoa. O trabalho é o mesmo. O trabalho exercido pelos espíritos é o mesmo. Quem faz essas distinções somos nós, que vivemos muito iludidos neste mundo de aparências e rótulos.

Morel Felipe Wilkon

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